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Foto do escritorPriscila C. A. Fortunato

Por que bebês e crianças mordem?

Atualizado: 20 de out. de 2019


Bebês usam a boca para mamar no peito, para comer, para chupar chupeta, para colocar brinquedos ou qualquer outro objeto na boca... e para morder! Sim, bebês e crianças mordem.

Existem muitas teorias a respeito do motivo de bebês morderem, porém, a comprovação científica sobre estes motivos, analisados nestas teorias, é escassa. Tudo que é apresentado e discutido são hipóteses.

Quando uma criança morde um amiguinho na escola ocorre um desconforto para três partes. As três partes são envolvidas e as três encaram de modo diferente o incidente: para criança que morde é um mecanismo, uma ferramenta; para a escola é um problema, embora saiba que é normal e para os pais da criança a mordida é assustadora. A situação é assustadora também para os pais da criança que mordeu. Para os pais da criança mordida, a situação é um pouco mais revoltante. Embora muitos pais declarem entender e compreender, no fundo sofrem.

Nós que formamos a equipe de uma escola devemos tratar este assunto com a maior responsabilidade.

Em muitos casos isso ocorre pelo motivo dos pais (ou alguém próximo a criança que morde) “brincar de morder”. Mesmo sendo uma brincadeira a criança aprende e reproduz. Não devemos nos esquecer: nós adultos somos SEMPRE exemplo e “modelos”.

Outras vezes, as mordidas aparecem por reflexo de situações de agressividade. A criança presencia cenas de agressividade (vida real dentro OU FORA DE CASA, filmes, desenhos, programas de tv, etc...) e como ela ainda não fala, descarrega a agressividade aprendida por meio da mordida.

Não devemos esquecer jamais que a criança que morde normalmente ainda não fala. Nestes casos, a mordida é uma forma de comunicação. Ela está querendo passar um recado, dizer alguma coisa. Para crianças que já falam e o quadro persiste, os mecanismos de fala, discussão e solução de conflitos próprios e independência individual e social devem ser foco de desenvolvimento e assistência educacional (por parte da família e escola, de preferência trabalhando juntos).

Muitas vezes, a atitude da mordida não é reflexo de absolutamente nada do que foi descrito acima, mas simplesmente um modo de ser da criança, ela age desta forma por ainda não ter a oralidade e independência desenvolvidas. Nestes casos, parte desta atitude (da mordida) não significa agressão, mas comunicação de necessidades e frustrações.

Muitas vezes a criança morde qualquer coisa, não só outra pessoa. Ela morde um objeto, ela morde um tecido. Ela pode até morder por afeto. Ela enxerga o amiguinho como algo "gostoso", e se ela tem esta sensação que pode lhe gerar prazer, ela vai morder.

Ainda podemos citar a necessidade de maior desenvolvimento do sentido do tato para com a criança por parte dos pais, por mais carinho que eles lhe deêm.

Todas as citações acima são hipóteses, que podem ser verdadeiras ou não, mas que são completamente relevantes para serem levantadas. De qualquer forma não adianta os envolvidos refletirem apenas sobre o motivo provável desta atitude da criança. Precisamos estancar o problema e as formas de se fazer isso são as seguintes:

1- Tanto a escola, quanto os pais da criança que morde, devem ser enérgicos. Ser enérgico é muito diferente de ser agressivo. Se uma criança fizer algo errado e nós adultos tivermos uma atitude agressiva, só iremos gerar revolta e a criança terá grande chance de piorar o comportamento. Portanto devemos ser enérgicos na postura física e principalmente no tom de voz.

2- A criança sabe exatamente o tom de voz que o adulto usa, ela sabe quando está sendo acarinhada pela voz, quando ela está sendo alertada e quando ela está sendo repreendida. Invista no tom de voz ideal como ferramenta a seu favor como educador, seja pai, mãe, avó, avô, professor/educador/cuidador.

3- A criança mede limites o tempo todo e na questão da mordida ela também mede. Se ela não for educada e orientada, ela repetirá inúmeras vezes a atitude.

4- A criança percebe quando a mãe, o pai ou qualquer outra pessoa tem medo dela. Sim, muitos adultos, pai, mãe, avó, avô, tia, etc. têm medo da criança. Medo do seu grito, da sua ira, de atitudes de revolta da criança, então usam tons de voz amenos, o que leva a criança a perceber que tem poder sobre o adulto.

5- Quando a criança morde, precisa ser alertada imediatamente e corrigida através de uma conversa, olho no olho, sobre o mal que ela causou a outra pessoa. Devemos levar a pessoa machucada para junto da criança que machucou e mostrar o machucado. Explicar para ela que a pessoa machucada está triste, com dor, que não queria sentir aquilo.

Não devemos usar frases longas, pois a criança leva um tempo muito maior do que o adulto para compreender uma frase. Por isso, a melhor forma é usar frases curtas: Não gostei disso! Você machucou seu amigo! Você não pode fazer isso! Isso machuca! Venha ver! Veja como ficou! Vamos fazer carinho no amigo! - frases curtas e tom de voz firme. A medida que a criança "agressora" se envolve na situação dolorida ela tende a entender que o que ela provocou não foi legal.

Como já foi dito anteriormente a mordida da criança tem muita relação com a fase oral, oral no sentido de levar tudo para a boca e não a oralidade. Ela pode estar ligada a algum tipo de carência, a alguma rejeição à escola; ao fato de estar longe de casa e dos pais, só da mãe ou só do pai, da avó, ou de qualquer outra pessoa que a cuida. Simplesmente, a mordida pode ser reflexo de insegurança.

Para finalizar, devemos tratar este assunto de maneira tranquila e normal, mas não permissiva. Professores, pais e cuidadores/educadores de crianças devem interagir o tempo todo para que esta agressão não se torne um hábito.

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